A perfeição
Uma tentativa inútil de se proteger e buscar o inalcançável, só nos afasta de quem somos e daquilo que sonhamos.
Porque eu tento tanto ser perfeita? Porque eu tenho tanto medo de errar? Perco tanto tempo no ensaio, que desisto de tentar.
A busca pela perfeição esconde o medo da solidão, da rejeição. No fundo, eu não quero ser perfeita, eu só estou tentando ser aceita. O que é uma grande ilusão, porque quem me ama de verdade, vai estar comigo principalmente na dificuldade.
Bom, minha cabeça racionalmente sabe de tudo isso, mas meu corpo e meu inconsciente tentam se proteger de todas as formas. É um sistema de fuga bem construído, que disfarça o medo com outras ocupações e prioridades. Alguns chamam de autossabotagem, mas um dia ouvi que não estamos nos sabotando, mas sim tentando nos proteger da dor de forma legítima.
Agora chego numa pergunta mais profunda: porque eu penso que ser vista pode me causar dor? Porque eu associo o sucesso a perda de qualquer mínima chance de viver o amor? Porque me agarro ao meu sonho apenas em devaneios acordada e não tenho coragem de me movimentar para alcançá-lo?
Ser escritora é o que sou, é um lugar seguro e íntimo. Quantas vezes já me imaginei em feiras literárias com filas para autografar meus livros. Mas se mostrar para o mundo e compartilhar seu sentir em palavras também envolve riscos. E o principal deles é o que mais me aterroriza: não ser boa o suficiente. A eterna sensação de que eu não estou pronta.
Escutei a frase a seguir em algum lugar e sugiro que vocês à guardem com afinco, assim como eu o fiz: “estar pronta não é um sentimento, é uma decisão”.
Hoje eu escolho estar pronta. Hoje eu escolho viver o meu sonho. Hoje eu me escolho.
